sábado, 19 de setembro de 2015

Bem longe de ser uma bonequinha

Capa do livro Bonequinha de Luxo, tirada com meu celular.

Já ouviu falar de Holly Golightly? Eu já. Caso ainda não a conheça, vou contar um pouco sobre ela. Assim quem sabe, você queira aprofundar-se nesta história também.

Por que falar da Srta. Golightly? Bem, para começar, a personalidade dessa moça é seu inteiro diferencial – ímpar em suas elegâncias e caprichos. Sim, o tipo de pessoa que faz o que dá na telha, e as consequências que lidem com a Holly depois. Pois é, ela é tão geniosa quando perde a paciência que nem mesmo um diplomata foi capaz de acalmá-la. Imagine a presença desta menina na vida daqueles que a rodeiam.

Parceira da noite, popular e linda, muito linda mesmo. Sabe aquela moça que quando passa na rua, todos os homens a olham, a desejam? E, além do mais, é simpática, inteligente, ligeira e mantém o ar pueril da ingenuidade em seu ser. Sim, tem um belo pacote. Conhecida por muitos na alta sociedade de Nova Iorque, mesmo sem ter uma fortuna em sua conta bancária (pelo menos, por enquanto).

Almeja a fama e a riqueza, entretanto, não perde o foco de suas raízes humildes. O sofrimento a ensinou um bocado, mas houve outra escola a qual se graduou: o literal trato que deram na menina antes dela chegar na capital do mundo. Estavam projetando grandes planos para Holly, uma pena não terem sido os mesmos planos dela. Preferiu optar por outro caminho.

Mas, e porque outras meninas iriam querer saber da vida dessa garota aparentemente perfeita? Ora, além de ser esperta que só, tem certas sabedorias, obtidas madrugada afora com seus “troquinhos no toalete”. Lida bem com as posturas adquiridas na finesse que fazem suas intenções ficarem bem claras – seja para aproximar ou afastar alguém. Ou seja, belas respostas sem perder a pose e, ao mesmo tempo, sem parecer esnobe. Antes de alguém começar a pensar em possuí-la, Srta. Golightly já está longe de qualquer alcance.

Pois bem, ela é bastante jovem e já se vira sozinha desde os 14 – pelo menos, é isso que conta. Independente e verdadeira, até quando ela mente. Holly é íntegra em diversos sentidos, conforme um de seus amigos aponta: “É uma impostora... Holly não é uma impostora porque é uma impostora de verdade.” Misteriosa em muitos aspectos, dribla todos conforme suas vontades e sente-se confortável fazendo isso, pois sente ter o controle numa parte de seu universo. Porém, como tantas de sua idade, também tem suas inseguranças e incertezas sobre a vida e seu futuro.

E, quando aperta o peito, Holly posterga o enfrentamento com a realidade correndo para o único lugar o qual a faz sentir calma: A Tiffany. Mas, não se engane confundindo isso com futilidade – não mesmo. Ela é um furacão em eminência, uma bomba relógio, imprevisível e talvez por isso, use a mentira que conta aos outros para acalmar a si mesma. Se você a conhecesse, saberia do que estou falando. Ah, mas caso ainda esteja interessado ou interessada, tem um livro com a história completa dessa jovem mulher misteriosa, obstinada em buscar sua felicidade, como tantas de nós.

Dito isso, deixo aqui a dica de hoje para leitura: Bonequinha de Luxo, escrito por Truman Capote, publicado pela Companhia das Letras.

P.S.: Existe também o longa metragem, de mesmo nome, estrelado pela bela Audrey Hepburn, lançado em 1961. Já assisti e claro, o livro é melhor e há divergências entre livro e filme – os finais não são os mesmos. Mas, ainda assim, vale a pena conferir ambos. Apenas sugiro, ler a novela antes.