terça-feira, 26 de outubro de 2010

Charada



Da água podemos fazer um suco, cozinhar, lavar roupas ou simplesmente bebê-la pura. Cada pessoa que olha um copo d'água, dependendo da situação, pensará em fazer algo diferente com aquele conteúdo. Alguém estaria com sede, o outro com as mãos sujas e que tal um terceiro com um pacote de miojo nas mãos?

Mas o que aconteceria se todos olhassem o copo ao mesmo tempo? Digamos que um deles decida tomar frente da situação, agarrar o copo e virá-lo até a última gota refrescante de água que desceria geladinha por toda a garganta. Um deles matou a sede. E aos outros, a frustração. Mas como ele pode virar o copo? Eu estou com as mãos sujas! E eu? Morrendo de fome - pensaria o terceiro.

Independente de quem tivesse a iniciativa de pegar o copo d'água para dá-lo o destino "certo", os outros continuariam não aceitando tal atitude. Podemos condenar o fulano que decidiu dar um destino à água, o qual não seria o mesmo do nosso? Não.

Afinal, não sabemos o que se passa na cabeça da outra pessoa e em qual situação ela se encontra neste momento. O objeto de desejo pode ser o mesmo - o copo d'água - mas a fantasia, aí depende.

Mesmo sabendo de tudo isso, fico intrigada com a reação de algumas pessoas. Às vezes, fazemos algum movimento de aproximação e somos repelidos. Talvez nosso movimento tenha sido mal interpretado, talvez o outro simplesmente não tenha o interesse em devolver a ação, talvez esteja com a cabeça em outras coisas, talvez, talvez... É o copo d'água que alguém pega e não concordamos em ver alguém bebendo porque gostaríamos de cozinhar ou de lavar as mãos. A não ser que esta pessoa diga o que realmente pensa, é impossível descobrir. Apenas nos restam as dúvidas e as diversas interpretações para determinados atos. Por que fizeste isso?

Com um texto tão confuso quanto o ser humano, eu fiquei tentada em colocar o personagem Charada para ilustrar. Tudo o que se enxerga: grandes pontos de interrogação e nenhuma dica. Ai, humanos...

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